Dermatite atópica: que bicho é esse?
Foi num dia quente de setembro, durante o almoço de domingo, que reparamos nos primeiros pontinhos vermelhos no queixo alvíssimo da Peeps. Pensamos em tudo: brotoejas, calor, irritação por excesso de saliva, por conta dos dentinhos em nascimento... E não nos preocupamos. Afinal, eram só umas manchinhas pequenas, sem importância.
Apostávamos que isso logo desapareceria. Mas...
Em vez de diminuir, a coisa aumentou de uma maneira que eu JURAVA que ela estava com roséola, rubéola ou qualquer dessas "éolas" que enchem as crianças de manchas e trazem aquela febre horrorosa de presente. Valeu-nos uma visita ao pronto-socorro, e um certo ar de pouco caso do pediatra de plantão - a febre era por conta de uma virose, e as manchas nada tinham a ver com a coisa.
O tempo passou, descobrimos por outro pediatra que a febre e a tosse eram na verdade consequências de uma crise braba de bronquite... E as manchas? Nada.
Só que a coisa foi se agravando numa velocidade que nos assustava. A região da fralda era uma ferida só, e não havia pomada, amido de milho, reza braba que melhorasse. Comecei a suspeitar de que aquilo não era uma assadura, e que talvez - TALVEZ - as manchas do rosto tivessem relação com o que todos pensavam que fosse uma assadura imensa e impossível de ser cuidada.
Eu me sentia péssima, preciso dizer. Apesar de fazer parte daquele movimento "Culpa, não!", esse é o sentimento que mais me assombra, quando o assunto é minha Peeps. Pensava que não estava conseguindo cuidar direito dela, que o problema era eu, as escolhas que fazia - de fralda, alimentação, pomada, produtos de higiene... Aquela paranoia toda que toda mãe - e pai - também conhece.
Foi quando nos decidimos por procurar um dermatologista, super bem recomendado. O diagnóstico, após uma semana de testes: dermatite atópica, uma doença genética, que vem no mesmo "pacotinho" da rinite e da bronquite - e a Peeps, coitada, foi premiada com a trinca da alergia.
Assim como a bronquite e a rinite, a dermatite atópica tem alguns fatores que favorecem seu desencadeamento, mas muitos mitos ainda precisam ser quebrados...
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A dermatite atópica não é contagiosa. A criança atópica pode ser abraçada, beijada, dar beijos, compartilhar copos, brinquedos e espaços normalmente. Como o aspecto da pele fica mesmo estranho, as pessoas se assustam. Tendem a fugir dos pequenos - que já estão bem fragilizados pelo incômodo que as manchas causam (pela coceira, descamação, e para os mais velhos, pela própria mudança nada agradável da aparência). A Peeps fica muito manhosa quando tem crises, e procuro dar o máximo de carinho nesses momentos.
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A não ser que a criança já tenha intolerância à lactose, o leite não tem relação com a dermatite atópica. No caso da Peeps, os fatores que desencadeiam são muito mais externos - clima seco, extremo de calor ou frio - e internos do ponto de vista psicológico - estresse, mudanças bruscas. O leite, ou qualquer alimento, só deve ser retirado do cardápio da criança sob estrita orientação médica. A orientação que tivemos do dermatologista foi manter a dieta - para a alegria da minha pequena mamífera compulsiva por leite puro. Mas cada organismo é único; por isso, friso a necessidade de se consultar um profissional de confiança.
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Durante a crise ou fora dela, hidratação é fundamental. Tanto bebendo MUITA água, como utilizando cremes hidratantes poderosos - que, infelizmente, também têm preços poderosamente salgados. Há no mercado uma diversidade de cremes mais voltados a peles com tendência atópica. Peeps, diariamente, é besuntada com o Stelatopia, da Mustela. Mas há outras opções possíveis; vale conversar com o dermatologista sobre as mais adequadas para cada caso. Como já disse - e hoje vou ser chata - cada pele reage de uma forma. Por exemplo, o megafamoso Cetaphil, para ela, não colou.
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Além da hidratação, filtro solar com FPS 30 ou mais é essencial. Isso para todas as crianças, não? Mas, para os atópicos, os cuidados devem ser redobrados, pois uma exposição inadequada pode, MESMO, desencadear uma crise e, aí... Tudo recomeça.
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Alguns cuidados parecem excessivos, mas não são. Banhos mais rápidos, com água mais fria, e secar suavemente a pele com uma toalha faz mais a diferença do que sabonetes caros e específicos. Hoje, usamos shampoos e sabonetes infantis comuns, desses que vendem em qualquer supermercado da esquina (sabe aquele do "chega de lágrimas"? Então...). No começo, eu pensava que era frescura. Mas, com o hábito, percebi que vale muito a pena, e realmente ajuda a manter a pele controlada e limpinha.
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As crises requerem cremes e remédios específicos, mas só um dermatologista pode prescrever o mais adequado. Automedicação é coisa séria, ainda mais quando se trata de crianças pequenas. Afinal, moda, beleza e saúde se complementam. Não dá pra cuidar de um lado e descobrir os outros!!
Por fim... Não tranque a criancinha em casa. Admito, eu ficava incomodada com os olhares curiosos e até de repulsa que eram dirigidos a minha princesinha. Mas nunca a deixei percebê-los, e continuava cuidando de seu visual como sempre fizemos. Afinal, as manchas são temporárias, mas o glamour é eterno!
Aqui, quando tudo começava a se espalhar. Jaqueta Reebok de tactel, achado de brechó.
Com a blusa rocker da Nosh, calça jeans Zara e Minimelissa+ Ronaldo Fraga: parceiríssima de shopping, mesmo dodói!
A blusa Nosh trazia diversão ao visual, que estava bem comprometido pelas manchas. Essa foto foi tirada um dia antes da nossa primeira consulta com o dermato - e foi essencial que ele a visse assim, para ter real dimensão do problema. Não dá pra esperar melhorar...
A melhora era mais do que visível. É a prova de que vale a pena investir num tratamento e num bom hidratante. Saúde em primeiro lugar! Look já conhecido, o preferido da Peeps, todo Nosh.