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A autonomia para fazer um bolo (ou: "Mas já???")

Sim, coloquei minha pequena filha de dois anos e oito meses para fazer um bolo praticamente sozinha. Ajudei a separar os ingredientes, quebrar os ovos (por enquanto) e finalizar a mistura. O fato é que o negócio ficou uma delícia, fofinho... E a Peeps, feliz da vida pela confiança e pelo sucesso.

Não é nenhuma novidade colocar crianças para ajudar na cozinha; nossas avós já faziam isso (mais por necessidade, talvez, do que pensando na aquisição de um certo grau de autonomia). Eu mesma, desde os quatro ou cinco anos, enrolava brigadeiros para as minhas festinhas de aniversário, feliz da vida.

Então, por que falar disso agora?

 

Vou contextualizar...

 

No mês passado, chegou às minhas mãos o livro "Crianças francesas não fazem manha", de Pamela Druckerman (269 p., Ed. Fontanar). Quem me conhece, sabe que eu não curto nem um pouquinho publicações de autoajuda e suas 105 possibilidades de variação. Mas a estrutura, meio reportagem, meio pesquisa, meio autobiografia, me chamou a atenção e resolvi dar uma chance a ele. 

 

Tem muita coisa dispensável. Mas algumas observações - sobretudo a análise comparativa de padrões de comportamento de mães norte-americanas e francesas - são realmente interessantes. E uma das coisas que mais me chamou a atenção foi o fato das francesas priorizarem muito a aquisição da autonomia de meninos e meninas, desde muito pequenos. O bolo para o goûter da tarde, feito aos finais de semana, é tarefa das crianças em muitas famílias. 

 

Resolvi experimentar. Sabe aquela coceirinha que dá na gente quando uma ideia de outra pessoa é tão interessante, que você quer um pedacinho dela? Não me aguentei. Há, no livro, uma receita bem simples de bolo de iogurte. Quase todos os ingredientes são medidos a partir de um copinho vazio de iogurte... Bem simples para começar.

 

O que mais me atraiu nessa ideia não foi apenas a questão de "ter autonomia na cozinha", ou de "ser prendada" como nos antigamentes. Os conceitos por trás dessa ideia vão muito mais além... Perpassa a ideia de fazer algo para o outro (afinal, um bolo não é feito apenas para ser comido por si mesma). Para compartilhar. Além disso, tem a espera paciente - um bolo não se assa instantaneamente, e há que se esperar porque é assim que as coisas são. Tem um tempo pra assar, um momento para esfriar e uma ocasião especial para degustar. Pareceu mais e mais atraente, considerando que meu pequeno furacão não é o que posso chamar de poço de paciência (e qual criança o é aos dois anos? Anyway...).

 

Forrei uma mesa (e o chão) com toalhas plásticas (daquelas de aniversário, que guardo em casa para as brincadeiras com massinha), coloquei um avental na pequena (só para fazer charme), conversamos sobre não levar as mãos à boca (e ao nariz... hehehe) enquanto estivesse fazendo o bolo. Depois, ela me ajudou a limpar tudo - só a louça sobrou para o papai.

 

Na galeria abaixo, alguns momentos dessa experiência deliciosa... E, ao final, a receita. Para quem se animar, garanto a diversão (e o sabor maravilhoso) de se compartilhar momentos com as crianças que fujam da nossa correria do cotidiano. 

 

Bom apetite!!! :)

 

por Clau Nicolau - 28 de novembro de 2013

Gâteau au yaourt

(Bolo de iogurte)

 

* 2 potes de 170 g de iogurte natural (use o pote para medir os outros ingredientes)

* 2 ovos

* 2 potes de açúcar (ou apenas um, se preferir menos doce)

* 1 colher de chá de baunilha

* Um pouco menos de 1 pote de óleo vegetal (usamos óleo de girassol)

* 4 potes de farinha de trigo

* 1 colher e meia de fermento em pó

 

Acrescentamos os ingredientes nessa ordem em uma tigela funda. 

Se quiser, pode acrescentar frutas vermelhas congeladas ou até pedaços de chocolate meio amargo (usamos o chocolate e ficou delicioso).

Despejar em forma untada. Levar ao forno a 190º por aproximadamente 35 minutos (aqui, usamos o bom e velho teste do palito).

 

Desenformar, esfriar, servir e degustar!!! :)

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